Sempre houve quem vivesse assim como que um estrangeiro em si mesmo.

 



Sempre houve quem vivesse assim como que um estrangeiro em si mesmo.

Um estranhamento pessoal incomensurável que se apodera dessa gente. Como se houvesse uma parede translucida a dividir os aspectos próprios da condição de ser ser humano.

A sensação de bem-estar de estar sendo um estranho para si. E por consequência, afável aos outros. Um decifrável lugar comum ambulante.

Sempre repetindo ensimesmado o bordão: “melhor não pensar nisso”. A falta de iniciativa de se descobrir (da mentira). Encobrir-se de inverdades convenientes a uma vida sem muita emoção. Somente tribulações prevenidas com alguma dose alcoólica ou melancólica inércia.

O novo normal é um velho excêntrico que diz olá a quem lhe cospe na cara.

Inexorável como a morte! Kierkegaard murmura no meu ouvido.

Como estar de mãos dadas com tédio, enquanto a dama do remorso lhe tirar as unhas com um alicate. As sensações indefinidas numa sessão de torturas solo. Sozinho se vislumbra num espelho imaginário e não gosta do que pensa ver.

Sempre há mais beleza nas manhãs que habitam nossa mente! A realidade é um nevoeiro que recobre a todos nós, como um cobertor de resignação e medo do porvir.

Diria Albert Camus, numa manhã de sábado, como hoje.


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