PONDERAÇÕES DESCONEXAS SOBRE A LÓGICA ORGANIZACIONAL

 



Como se portar ante a impossibilidade de se achar um caminho a seguir? Na verdade, como se saber que caminho a seguir, quando se está tentando entender que jogo estamos realmente jogando.

Quando nos damos conta de que o dono da bola tem o domínio não só das metragens inerentes ao campo, mas também do jogo que iremos jogar. Não adianta argumentar contra o juiz com a bola na mão. A interpretação do chute é toda dele. O seu espaço de fala é delimitado pelas palavras que poderá usar. Num balance de ponto de vista aceitáveis e outras questões impenetráveis. As segundas são imensamente mais preponderantes que as primeiras.

A verdade é que todos os interesses motivadores da sociedade que estamos acostumados a entender como tal, dentro de nosso campo de cognição, quero dizer; mostram-se sob o ponto de vista de quem tem o poder de decisão sobre os que não tem. A pergunta que fica é se há possibilidade de ser feliz, em alguma medida, apesar disso tudo. Quero dizer, gozar de alguns momentos felizes, sem a presença constante em sua alma, do amargor da existência. Lembro Camus.

Quero dizer, quanto mais segurança, mais dominação. Estar sob as regras institucionais de uma organização te dá a garantia da ilusão de correr riscos previsíveis. Ainda justifico para mim mesmo este mantra. A salvo da chuva fina que poderá cair lá fora. Mas, a envidencia silenciosa, como estou aprendendo com Taleb, é o silêncio ensurdecedor da morte de sua alma. Dos sonhos assassinados, das humilhações cotidianas, do desânimo daquilo que está posto. A frustração de se saber que estamos errados, em grande medida. A decepção do jovem velho que escreve este texto como a falta de percepção intuitiva do jovem menino que fez as escolhas erradas que me selaram o destino que sou obrigado a suportar. Com tudo de bom (algo há) e tudo de ruim (sinto o mal em tudo que percebo, inclusive na minha percepção).

Porque digo isso? Porque não há efetivamente uma garantia. E porque o risco de uma dominação absoluta é quase que certo. Digo, em uma parte de sua tragetória profissional, haverá uma mudança de rotas a partir da percepção subjetiva do gestor.

Sob a ditadura dos números e métricas de produção, você certamente será atropelado. E a necessidade econômica, certamente a razão imediata e possivelmente mediata de sua decisão, tomada há algum tempo antes, pela opção da pretensa segurança institucional, pode muita vez mostrar-se equivocada (certamente será, como para mim foi em grande medida, mas há outra opção?).  Com certeza, algumas noites insones e muitas dúvidas amargas irão povoar sua mente até sua morte, a partir de uma certa altura de sua vida terrena.

Quando o Pondé diz que a vida atropela os indivíduos, ao final e ao cabo. A peremptoriedade dessa constatação é maior, aos percebermos que este atropelamento se dá muitas vezes, ao longo de seu viver.

O interesse que conta, por hipótese conclusiva, é o institucional. A métrica toda da ordenação segue esta premissa. Algumas ressalvas só existem para confirmar o alcance desse imperativo.

O pior é que a dominação econômica derivada de uma métrica política institucional é uma verdade inabalável a este que escreve este texto. Não há democracia nas organizações.  Não pode existir. A hierarquia militar por assim dizer, é o imperativo da eficiência. Espaço seguro de fala... E tudo o mais(...)!  Tudo isso é história romanciada para os crentes ingênuos do paraíso perdido.

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