SOBRE SORRIR SEM MOSTRAR OS DENDES... DE PESAR OU (DES)CONTENTAMENTO
Há necessidade
de se aceitar a vida e para tanto, tentar desvendá-la.
Quando
se vislumbra o passado, muito se perde na análise do que poderia ter ocorrido.
Parece-nos que o que possa ter ocorrido, deu-se de forma própria. E a nossa
abordagem retroativa do que pensamos que se deu com nossa vida, anos antes; às vezes,
até uma década antes, mostra-se equivocada; no mínimo, duvidosa (no sentido de
não se ter certeza do que possa realmente ter ocorrido).
O
tempo é uma esponja cruel que limpa os acontecimentos, de forma inexorável,
para bem ou para o mal. Pouco resta do que possa ter sido. Muitas vezes, aliás,
o tudo se transforma em nada. O muito pouco que resta, justamente é tão pouco
que pouco tempo se perde em volver os olhos para o passado.
Sobra
a impressão de algum acontecimento que marcou. Sobre a lembrança de alguns
momentos, quando associado à lugares e pessoas. Mas, sobretudo, sobra um
estranhamento alienante e doloroso de ter sido uma pessoa outra. Uma pessoa
fora do que se é hoje.
Tudo
bem que se tem a consciência racional da evolução do ser. Que ao longo dos anos
de existência, a gente aprende e se molda na busca pelo que é perfeito e nobre.
Mas, essa noção de bom e belo parece cada vez mais enviesada para uma acepção
caricata da realidade atual. Quase risível se perceber o quanto se andou pouco
nos objetivos impostos a si mesmo, anos ou décadas antes de hoje.
Cada vez mais, a cura pela filosofia de se
buscar algum sentido no insondável. De relutar e permanecer são e calado diante
de tanta falta de sentido nas coisas. Em tudo que se pensou diferente no
passado e que hoje é diferente do que se pensou.
Ora!
Como lidar com essa emoção toda, derivada do pasmo de se perceber quase alheio
a sua história? Como se dizer, que o ocaso move os seus dias, com uma tênue
direção autoimposta. Que funciona pouco, como um volante manco que dá certo
sentido ao automóvel autômato, trafegando nas vias do porvir aleatoriamente.
Sei
não... Sei só que cada vez que se fica mais velho, mais recomendável é falar
pouco, por não entender nada. Como se os anos trouxessem uma convicção na
resignação de nossa ignorância sobre as coisas da vida. E que, ao revés da
verborragia cerebrina, a formulação de uma pergunta a si mesmo, requer tempo e
paciência, numa contemplativa marcha indiferente, em direção ao objetivo maior
de se sentir relativamente feliz.
Como na música, que fala que é preferível ir
devagar, porque antes já se teve tanta pressa. E que sorrir, sem mostrar os dentes,
para tudo e todos, é melhor que chorar de (des)contamento e se valer do desconcertado
riso da imbecilidade, quando se move pelo mundo com os olhos sempre marejados,
por qualquer razão que seja.
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