OH CAPTAIN, MY CAPTAIN!




Ao se deparar com a mais cega contingência da vida, pensa-se logo em Eurípedes e propriamente em Ésquilo.
O luto se assenhora de momentos e dias, em razão disso tudo. Porque o fracasso pode nos visitar das mais variadas formas. Também assim o é o sucesso. E não é menos trágico que assim o seja!
Diz o poeta Joseph Brodsky que o encontro com o Mal é inevitável. Também, desconfiamos nós, parafraseando Guimarães Rosa, o encontro com o fracasso e porque não, com o sucesso, também o é.
Se o Mal se apresenta tão difuso e dissimulado, que nos dá a impressão de estarmos cara a cara como o Bem. Também assim o é o sucesso. A condição humana, num mundo de aparências, faz nos ponderar, parafraseando Joseph Brodsky: se a imagem que projetamos no espelho não seria a significação mais própria do fracasso anunciado pela nossa visão de sucesso?
Se por um lado, a vertente do sucesso nos dá a dimensão irreal de nós mesmos. Já que ter a vaidade por conselheira é uma das maiores tragédias que nos possa acontecer. Não é menos verdade que o fracasso pode nos prostrar de tal forma, que todo o ânimo de continuar vivendo, possa, em determinado momento, extinguir-se por completo.
O (des)tempero de realidade que emana do sofrimento, tira-nos, a fórceps, do ideal de vida ingenuamente concebido em tempo de juventude. Ingenuamente kitsch são os dias nessa época de ventura. Tão absurdamente belos, quanto irreais! E tanto quanto mais distantes (por avançarmos nos anos) mais inverossímeis!
Mas, Cronos, o Deus do tempo, é um voraz devorador de seus filhos. Vai nos devorando o tempo de forma absurdamente veloz, e de forma irremediável. Definitiva e derradeira caminhada para a morte é a vida insignificada.
Entretanto, a par do fracasso e do sucesso, esses dois impostores, qual a real significação do Carpe diem? Aquilo que tanto grasnava o corvo de Edgar Allan Poe?
Lembrando de Dead Poets Society! Acima de tudo, acreditamos que o teacher Mr. Keating estava a favor da vida (real)mente vivida. Longe da imposição desmedida ao sucesso perfunctório e irreal que emana do artificialismo infundado de uma vida encenada, para nos livrar do opróbio de ser autenticamente fracassado.



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