ARCHÉ
Fiat
lux.
A filosofia se
identifica com um certo modo de vida autêntico. Pois a filosofia “[...] é uma
certeza radical universal, que é, ademais, autônoma;
isto é, a filosofia se justifica a si mesma, mostra e prova constantemente sua
verdade, [...]” (MARÍAS, 2004, p. 04).
Fundado em uma
inovadora atitude humana, os precursores da filosofia, chamados de filósofos
pré-socráticos valeram-se da teorética,
afastando-se da mítica, e puseram-se a questionar os porquês de
tudo.
Se a integralidade da
filosofia pressupõe o estado da arte atual. “Portanto, em todo filosofar está
incluída toda a história da filosofia, e sem esta nem é inteligível nem,
sobretudo poderia existir” (MARÍAS, 2004, p. 07).
Dentro desse contexto
reflexivo, conclui-se que o princípio tem uma significação adstrita à uma noção
seminal. Ou seja: aquilo de que derivam e em que se resolvem todas as coisas. E
mais: aquilo que permanece imutável mesmo nas várias formas que pouco a pouco
assume.
A noção de princípio
deriva dos pensamentos de Tales de Mileto, que figura como o iniciador da
Filosofia. Foi o primeiro a afirmar que existe um princípio originário único
que dá causa a todas as coisas que existem. Afirmando, nesse sentido, tratar-se
da água.
A realidade que
permanece, inalterada, através do processo transformador/gerador de tudo o que
existe. Aquilo “do qual provêm,
aquilo no qual se concluem e aquilo pelo qual existem e subsistem todas as
coisas” (REALE; ANTISERI, 2003, p. 19).
Anaximandro, discípulo
de Tales, cria a palavra arché ou arké, asseverando
que a origem de tudo está não na água, que é limitada, mas sim no apeiron, que é ilimitado. Notem, que
para Anaximandro, a palavra apeiron
“[...] significa literalmente infinito, não em sentido matemático, e sim no de
ilimitação ou indeterminação” (MARÍAS, 2004, p. 16).
Melhor explicando:
O termo usado
por Anaximandro é á-peiron, que significa aquilo que está privado de limites,
tanto externos (ou seja, aquilo que é espacialmente e, portanto,
quantitativamente infinito), como internos (ou seja, aquilo que é
qualitativamente indeterminado) (REALE; ANTISERI, 2003, p. 19).
Patente, portanto, a
originalidade desse filósofo, ao deslocar a designação principiológica das
coisas de uma substância para uma ideia.
Anaxímenes, de seu
lado, inova em relação à Tales, por propor a substituição da água pelo
ar, como origem de todas as coisas, “[...] que relaciona com a respiração ou
alento” (MARÍAS, 2004, p. 16).
Ainda, Anaxímenes
acrescenta que: “[...] o modo concreto de formação das coisas, partindo do ar,
é a condensação e a rarefação” (MARÍAS, 2004, p. 16).
Fiat
nigrum.
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