A PERMANÊNCIA DO (DE)VIR E DA TRANSITORIEDADE DO (VIR A) SER
Ponderações sobre o
real e o ilusório. A ideia do que é permanente e do que é transitório.
De um lado: a
radicalidade de Hieráclito, ao ponderar que tudo muda constantemente, a tal
ponto de Crátilo, um de seus seguidores, concluir que a comunicação é
impossível, uma vez que o sentido das palavras está em constante mutação.
De outro: a
radicalidade de Parmênides, ao concluir que a permanência reina absoluta. Que a
mudança e o movimento se mostram, em nossa experiência cotidiana, como uma
ilusão. Que, por derradeiro, como observa Zenão, seguidor de Parmênides, somos
enganados por nossos sentidos.
A voz do bom senso:
Aristóteles conclui que tudo muda e permanece constante, ao mesmo tempo.
Ou seja, da união de duas
verdades parciais tem-se a gênese de uma verdade maior, em uma totalidade que
abrange as duas parcialidades.
Portanto, nem de uma
parte, nem de outra. Assim, se se quiser crer que a mudança de significados das
palavras muda constantemente, como quer Heráclito, como querer crer que a significação
das palavras “mudança de significados” ainda é a mesma.
De outra banda, se se
supor que a constância (permanência) é a regra, e a mudança é uma mera ilusão,
como quer fazer Parmênides, não há como se saber porque o próprio Parmênides
não está mais entre nós.
Ao se propor que tudo
muda e permanece constante, de forma concomitante; Aristóteles, dentro dessa premissa,
propugna, entre as várias categorias de mudanças, no tempo e no espaço, a
partir da derradeira e instantânea transformação, do vivo em morto, por conta da
ocorrência do fenômeno morte; pela existência do princípio moderno da
conservação da matéria.
Assim, pensou Aristóteles,
a matéria orgânica do ser morto vai fazer parte da constituição de um novo ser,
ao se decompor e destruir-se; portanto, a mudança, pela morte, e a conservação, pela presença do ser morto na essência do ser vivente.
Desse modo, a par do que se
possa chamar tal fenômeno, “o importante é que algo permanece no tipo peculiar
de mudança que é a geração e corrupção” (ADLER, 2010, p. 47).
Portanto, a vida e a
morte se comunicam filosoficamente. Afirmação cientificamente confirmada, por conta do ciclo de mudança e permanência, que permeia a constatação do bóson de Higgs, também conhecido como partícula de Deus[1].
REFERÊNCIAS
ADLER, Mortimer J.
Adler. Aristóteles para Todos. São
Paulo: É Realizações, 2010.
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