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Discussões filosófico-jurídicas. Sonhos errantes pela madrugada. Ponderações alucinadas. Poesias humanístico-sociais. Lirismo possível. Questionamentos doloridos. Inquetações religiosas.
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Walter Benjamin,
em seu texto “Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica”, trata de uma questão
extremamente (pós) moderna, voltada ao problema da “perda da Aura” das obras de
arte.
O que é isso?
O fato é que as obras de arte até um
determinado tempo, eram caracterizadas pela sua Aura, ou seja, pela experiência
vivenciada na presença da obra de arte.
Assim, a Aura, era um termo ligado
justamente esse ar de presença que emana da obra de arte, no aqui e no agora.
Somente na presença da obra de arte é que
é possível respirar a sua Aura.
Note, portanto, que ao se respirar a Aura
da obra de arte, tem-se a certeza da sua autenticidade.
Assim, a obra de arte tinha o seu valor
advindo justamente de sua Aura, ou seja, de sua autenticidade. Vigia, portanto,
uma Ética da Autenticidade, como padrão de valoração da obra de arte. Que
apesar de não estar presente na obra de arte, em si, acompanha-a, na sua
tessitura presencial.
Em tempos de reprodução ilimitada,
entretanto, a obra de arte passa a ser reproduzida, mais em mais.
No entanto, a Aura, como halo de
sacralidade que envolve uma obra de arte única, e toda a devoção religiosa que
dela emana, não pode ser reproduzida pela técnica.
A questão é saber se a obra de arte
original, ao ser reproduzida, continua sendo obra de arte, ou perde, de forma
absoluta, seus valores estéticos.
Ao se difundir a obra de arte, antes
restrita a um número pequeno de privilegiados,
a um número irrestrito de pessoas, a perda da qualidade imagética representada
pela Aura, não desqualifica, por completo, a obra de arte como obra de arte?
Ao se ponderar sobre essas questões,
portanto, vem a lume a necessária reflexão sobre os limites da técnica e a
questão da fetichização da obra de arte, e de forma mais abrangente, a
vulgarização da estética.
Ao se ter a obra de arte como fetiche. Um
souvenir que se tem facilmente à roda, como obra de arte (sem Aura), não se
pode perceber a falsa impressão de se ter uma obra de arte sem alma? Um objeto
publicitário, destituído de espírito, que não transmite mais qualquer
satisfação estética (relevante)?
Outro ponto. Sem (algum) valor estético, a
obra de arte sem Aura, presta-se a funcionar como objeto de desejo, como
ferramenta para a concretização do ímpeto de (auto)evidência (tão desejado em
nossos dias).
Nesse contexto, o sujeito é assujeitado
pelos valores contemporâneos, representados pela apropriação dos ausentes
valores imantados pela técnica mercadológica.
Sem Aurea, o significado da obra de arte é
esvaziado, no sentido da onipresença da técnica coletivamente dogmatizada, a
partir da noção de que a quantidade valida a (ausência de) qualidade.
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Postado por
Alexandre Gazetta Simões
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