PORQUE (NÃO) QUEBRAR A PRIMERIA REGRA DO CLUBE DA LUTA
Só
depois de perdermos tudo é que somos realmente livres para fazermos o que quisermos.
Essa
é a sua vida, e está acabando minuto a minuto.
Sob
o signo do Clube da Luta, tem-se a impressão absoluta de que o sentido da rotina
das coisas, que são próprias daqueles que vivem uma vida monotonamente segura,
reside na total ausência de sentido.
Como
na constatação de que você é controlado por aquilo que possui. Preso a uma vida
sem propósito, em que a significação de tudo o que você é, está fora de você.
A
libertação pela dor, como o signo da revolta, contra uma sociedade sem densidade,
mascarando as imbecilidades embrulhadas para presente, em novas embalagens, com
novas coras berrantes.
A
idealizada construção de uma vida (feliz) voltada à conquista de um emprego bem
remunerado, realisticamente pueril, que tem uma filosofia voltada à repetição
extenuante de tarefas cada vez mais (im)próprias à alguma consciência eticamente
fundada.
Ao
revés, ocupar-se de gastar todo o dinheiro auferido, com o merecido trabalho (duramente
conquistado, à custa da juventude e da saúde), em coisas sem um propósito maior,
que não seja valorizar o possuidor delas mesmas. Uma ciranda alimentada pela
inveja, ganância e ressentimento, que viabiliza a economia das nações civilizadas.
Faz sentido, sob o viés econômico, regido pela ética do lucro apoditicamente
considerado.
Sem
ingenuidade, a vida moderna somente se faz possível a partir da imbecilização
das massas, onde toda a significação do ser humano seja canalizada à concepção,
cada vez mais refinada, de um ser humano que (unicamente) consuma. Ao revés,
sucumbiremos todos. Seres pensantes não se animam tanto a consumir, sem um
sentido outro, que não seja para satisfazer a vontade de prazer (voltada, v.g.,
ao hedonismo; à luxúria, e a vaidade, pura e simples).
Avulta,
aí, a pressão social uníssona. A obsessão por um estilo de vida, somente acessível
a uns poucos sortudos. Desejado por todos os habitantes do globo. Uma filosofia
pós-contemporânea, onipresente, onde o nosso valor e o nosso status é definido pelo que somos capazes
de consumir.
A
metáfora do Clube da Luta, onde a crise de identidade, revelada na angústia, de
não se conseguir dar vasão ao real impulso vital, que nos qualifica como seres
outros, que não somente consumidores. Meninos emocionamente imaturos, pela ausência
de desafios reais, que possam dar um valor intrínseco a nós mesmos. Como era,
antes, com os desafios que colocavam em xeque a nossas fibras existenciais.
A
prova real de que tínhamos valor, a partir da nossa essência, era dada por aquilo
que conseguíamos ser, após vencer, um a um, os desafios que nos eram (auto)impostos,
como medida da nossa grandeza (por expansão da alma, por bravura, coragem,
resiliência e força de vontade).
A
significação do que era um ser humano já foi, alguma vez, o conjunto de suas
virtudes, expressadas pelos seus atos, na vida que tinha herdado, aleatoriamente,
pela condição que vinha ao mundo. Não como é hoje, parametrizada, sua vida,
pelo conjunto de seus vícios, expressados pelo ato de consumir e acumular bens, valorizados por todos os que desejam ser o que nunca poderiam sê-lo, a partir de
uma ingênua imagem de um(a) sex symbol eternamente jovem, belo(a), rico(a) e ornamentado(a), por todos os signos dessa pobreza de espírito, como expressão
do sucesso.
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