ANTES DA CHEGADA
De tardezinha, vai
sozinho para o campo. É tarde, agora. A noite se principia. Ao longe, pontos de negrume se fundem no horizonte.
De um olhar tão
profundo, que era possível se perder nele.
Quando se volta atrás
para se buscar algo tão precioso, que se perdeu no seu caminho, é que se
percebe o (sem) sentido da jornada. Acredita, enquanto desvia dos formigueiros.
Algo de diabólico resplandece em sua face queimada. Que te tão essencial descobre-se,
jaz obscuro. Imagético entre um Matize em um Goya.
Quando se olha para a
paisagem, e ela não está mais lá. Perdeu-se dentro de si. Escondida em alguma
lembrança.
Tudo isso, pensava.
Dentro de sua cabeça era o mundo. Fora de si era o inferno. A noite chegava
abafada e mórbida. Tudo é tão transitório. A permanência é um privilégio.
Parado agora. Com a
noite formada à suas costas. Muito quieto. Muito calado. O deslumbre do
esclarecimento, deu-se em sua psique. Um Frágil e tímido sorriso se esboçou. Ao
longe lançou seu olhar na escuridão.
Cessaram-se todos os ruídos.
Naquela altura, naquele breu. Como que amparado pelos braços da noite, lançou
seu corpo no vazio. Esvaiu-se em sangue e júbilo, no fundo do abismo. Ao menos
por agora. Quando a consciência de si ainda vicejava nesse plano.
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