O CREPÚSCULO DA FILOSOFIA

 


 

A Filosofia está relacionada à noção de amor à sabedoria. Interessante notar, nesse sentido, que os primeiros filósofos gregos não concordavam em serem chamados de sábios, por terem consciência do muito que ignoravam.

A humildade é uma característica marcante da Filosófica, portanto. Assim, o filósofo deve ter a consciência de que tudo o que se possa discutir/dizer, já foi dito/discutido anteriormente, e em maior profundidade, por alguém. Dificilmente é possível inovar em algum tema seminal para nossa existência e percepção de quem somos ou seremos.

Desse modo, os filósofos bastam em serem conhecidos como amigos da sabedoria (portanto, filósofos).

Por tal razão, figura como ave símbolo da Filosofia, a coruja, que se trata da ave de Athena, para os Gregos, ou Minerva para os Romanos – Deusa da Sabedoria, em ambos os casos.

O olhar atento para a compreensão do mundo. Metaforicamente representado pelos olhos da coruja, ao divisar a noite. Certo dizer, portanto, que a coruja representa a capacidade de absorção reflexiva da experiência humana.

No entanto, há um ponto que precisa ser considerado, quanto se quer apontar para a filosofia. Notadamente, quando se divisa sua inutilidade. Nessa enigmática noção que pontua Franco Montoro. Ou seja, a filosofia por não ser servil. Ou melhor, por não servir nada que lhe seja alheio, é inútil. Simplesmente, a vida possuindo-se a si mesma. A noção suprema de vida autêntica.

Assim, o distanciamento necessário, para se observar o fenômeno por inteiro, como ensina Pitágoras. Ou, o ceticismo obrigatório do filósofo, ao desenvolver o seru “estranhamento” do mundo, como nos instrui Thomas Sowell, dá a dimensão exata do que pretendemos dizer.

Ou seja, a filosofia sempre chega tarde demais. Como diz Hegel, a filosofia “[...] como pensamento do mundo, só aparece quando a realidade efetuou e completou o processo de sua formação. [...]: é na maturidade dos seres que o ideal se ergue em face do real, e depois de ter apreendido o mundo na sua substância reconstrói-o na forma de um império de ideias”.

Em síntese, ainda em Hegel, somente, quando anoitece a ave de Minerva levanta voo.

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