DOS LIVROS E DO AMOR
Existe
uma crônica do Carlos Drummond de Andrade, sobre livros. Sobre ser um amante de
livros. E todo o ambiente que circunda essa hoje estranha confraria.
Digo
isso porque não me parece, a não ser exceções muito discretas, que exista algum
conjunto substancial de pessoas que amem os livros; assim, de forma aparente.
Digo isso, redundantemente, por achar que amar, é como fala minha esposa, ter
devoção incondicional.
Ter
devoção incondicional, ao se dizer amar, é ter para si que tudo o mais, que não
convenha ao objeto ou a pessoa amada, não me convém. Bem, ao estilo, daquele
ensinamento de São Paulo Apóstolo. Sim, porque tudo posso, mas, nem tudo me
convém (ou convirá ao amor).
Assim,
como ser só de um só. Um amor desses, incondicional, transcende todas as
convenções convenientemente traçadas pelo senso comum, a nós todos. Convenções
que não passam de um vazio clichê de uma felicidade panfletária e monótona,
porque quando se enxerga ao fundo disso, tem-se a dimensão de quão raso é o seu
fundamento.
Também,
é crível supor que amar os livros é mais difícil que amar o cinema. A música,
então, é outro mundo. Teria que ser mais minucioso e elucidativo, na semântica
sonora que nos embala, quando lemos um livro.
Outro
braço (do mesmo corpo): o cinema. Ele vive além do texto. A imagem cativa por
si. A imagem aliena os que não leem o contexto do filme. Ler o contexto do
filme pressupõe a referência dos livros. Sem a referência da palavra escrita e
do signo concretizado na nossa mente. Aquele que assiste a imagem em movimento
pode muito pouco. A reflexão pressupõe a assimilação de conteúdo. E os livros
se fazem presente no enredo, de nossa mente, que dá mais vida ao filme.
E
por falar nisso, a música (de novo). Tem aquela música o Caetano, que ele fala
de seu amor aos livros. Os livros como objetos transcendentes. Aquela história
de amor táctil. Era bem meu caso. Que d tantos livros, acabava não lendo
nenhum, por completo. Andava distraído, tropeçando a cada passo, com o livro
embaixo do braço. Para cima e para baixo. Perto e longe. Sempre nesse abraço. O
livro sempre onipresente em minha vida.
Assim,
povoar o mundo de palavras e a vida de significados, somente de pode dar a
partir do amor puro e substancial dos livros, ajudando e referendando o que se
sabe e se sente ao largo do sentimento e do verbo (intransito) amar.
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