RAZÃO E (FALTA DE) FÉ
Ao se pressupor que o
desenvolvimento das aptidões em capacidades se faz pelo esforço progressivo,
rumo a um ideal metafísico, muito do que se mostra perceptível, fundado em um
conjunto de convicções razoáveis à nossa acepção ideal de mundo, cai por terra.
Fato: soa até mesmo (des)propositada
tal tipo de afirmação, quando se pode perceber que “Há uma valorização
desenfreada que se faz na baixa dos valores” (SANTOS, 2012, p. 48). Experiência
vivencial de uma sociedade caracterizada “[...] sobretudo, pela inversão que se
faz de tais valores, a ponto de se pretender estabelecer que o mais alto
consiste em ser o mais baixo” (SANTOS, 2012, p. 49).
Justificamos: trata-se
do vislumbre de quem almeja o cume do monte, mas, humildemente, tem que inclinar
muito a cabeça para cima, para poder bem ver a dimensão colossal do desafio. Daquele
que é povoado de vergonha e da dolorosa convicção de sua dívida com a
Eternidade; no crédito e débito, do que se pode perceber de extraordinário e
medíocre, na vida terrena.
Ao revés de tudo de
mundano que nos cerca, almejar a autoconsciência de nossa universalidade, a
exemplo de Sócrates, a partir do alcance do pensamento apodítico, impregnado de
uma religiosidade transcendental (CARVALHO, 2016).
Qual nada, o que se tem
à mão é uma acepção intelectual forjada na vaidade e no interesse econômico, a
partir unicamente de um conhecimento instrumentalizado, que não se funda em um
ideal de vida autêntica, ainda que não se tendo consciência de tamanho erro.
Há, no entanto, uma
chance de se cumprir tal ideal, para todos nós: a imitação de Aristóteles: “O
conceito primordial está dentro de nós de algum modo; partindo disso,
procedemos por meio de analogias, como já observamos, ou procurando identificar
semelhanças entre as coisas” (WEAVER, 2016, p. 175).
Portanto: “Deus é o
exemplar de todos os que participam da sua bondade (como bem e bom) [...] Deus
tudo dispôs como medida e, por isso, é medida de tudo” (SANTOS, 1955, pp.
14/15).
Outro ponto, sobre a existência
metafísica: “Como estava certo Kierkegaard ao afirmar que a porta da felicidade
se abre para fora e que, quando alguém tenta arromba-la, não faz mais do que
fechá-la” (FRANKL, 2016, p. 66).
Sobre a prisão do aqui
e agora: a verdade não é afetada pelo tempo. Se assim fosse, não seria a
verdade. Notemos que: “[...] as coisas de valor mais elevado não são afetados pela
passagem do tempo” (WEAVER, 2016, p. 67).
O cerne do problema: necessário
e prudente é se afastar da borda, onde tudo se desintegra pela ação (trans)formadora
da realidade imediata. A busca pela verdade se revela “[...] na antiga afirmação
de que há um centro para todas as coisas [...]” (WEAVER, 2016, p. 68).
Imperioso, portanto, é “[...] um retorno ao centro, que deve ser concedido
metafísica e teologicamente” (WEAVER, 2016, pp. 67/68).
REFERÊNCIAS:
CARVALHO.
Olavo. 12 Camadas Da Personalidade.
Disponível: https://pt.scribd.com/doc/42555521/Olavo-de-Carvalho-12-Camadas-Da-Personalidade-Humana,
acesso em 01 Jan. 2017.
FRANKL,
Viktor E. O sofrimento de uma vida sem sentido.
São Paulo: É Realizações, 2015.
SANTOS,
Mário Ferreira dos. Invasão Vertical dos
Bárbaros. São Paulo: É Realizações, 2012.
___________________ . Aristóteles e as Mutações. São
Paulo: Logos, 1955.
WEAVER,
Richard M. As Ideias Têm Consequências.
2ª ed. São Paulo: É Realização, 2016.
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